segunda-feira, 15 de junho de 2009

Manter a TV desligada

Dos pequenos momentos de alucinações que tive, os que nunca esqueço são aqueles os quais planejo ser, ver, ter.
Nem sempre as coisas fazem sentido, e eu morro de medo de não poder ser, ver e ter.
Enquanto isso, eu só me pego relatando meus problemas, todos os que quero esquecer, e nada justifica o porquê passo horas e horas fazendo lacinhos com a lã do cobertor. E nisso, já me pego cantando aquele "lalalalala" da música que não sai da minha cabeça, mas também não me lembro se quer o nome.
A responsável pelas poças da varanda não é somente a chuva. Pelo menos não só a do céu, mas a minha chuva também é parte disso.
O tempo passa arrastado, muito longo, e eu me vejo capaz de fazer certas coisas que temeria que acontecesse, depois.
Ainda que como protagonista disso tudo, as vezes eu queria só passar atrás da cena e ninguém me ver. Queria poder contar com o mundo, falar pra ele o que quero e ele me responder, dando certeza: tudo vai estar lá. Pra você ser, ver, ter e sentir!
Nisso eu já resolvo o que sou naquele momento, e aí já quero fazer as malas e adiantar três ou quatro anos da minha vida. Quero ter a certeza logo, de que tudo dará certo. Quero pegar meu carro - também adiantado - e dirigir com o lalalalala tocando pra eu poder lembrar de que música ele é, vendo o vidro do carro borrado da chuva do céu, e não de mim, e correr por entre as luzes das ruas onde me vejo sempre, e do lado do carona, aquela que é responsável pelo que restou de mim ser o que sou agora.
- Tá, droga! Ligaram a TV, e eu já voltei de viagem. -
Enquanto procuro, já acho tempo de me ver segura. Já é tempo de parar de roer as unhas e de parar de puxar o ar tão rapidamente. Já é tempo de conseguir concentrar, toda a força que eu tiver, na linha dos lábios.
Enquanto procuro esperando pelos três anos chegarem, bom, já estou ciente de minha próxima nota: manter a TV desligada.

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