quinta-feira, 28 de maio de 2009

Presse

Amor não se mitiga
e mesmo que perverso, considera-se sua fúria
pelos que nele não vivem
mas ainda em quentura extrema
corroe até mesmo quem nele se entrega.

Quem não deita em leito seu
morre em pé, então
de piedade aquele é vazio
e se aventurar nadando em sangue desconsolado
é motivo de sua felicidade sombria.

Amor não se mitiga
e se quer ao amor deve-se mitigar
só saia do calabouço enquanto a corda te alcança
caia de joelhos no altar
e mantenha firme a presse desesperada
de um dia descansar o peito escasso, ferido
onde o amor vive preso.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Onde exatamente?



Não foi o copo de chocolate já frio e intocado na minha frente, nem o tremor dos dedos entrelaçados fronte à mim. E mesmo aquelas luzes sendo tão "brilhantes", também não foram elas que fizeram os olhos ficarem atentos.
O fato é que, eu estava onde eu queria estar, com quem eu queria estar, e quando eu pude perceber isso, os olhos se surpreenderam um pouco, e o sorriso foi irrevertivelmente aberto, em tremor.
O cheiro, até mesmo ele era o qual eu desejava sentir, e a cada segundo que isso se tornava mais óbvio para mim, a cada segundo que eu me via lá, a felicidade trazia ao meu corpo alguns calafrios, porque o mesmo não conseguia acreditar que finalmente estava se sentindo assim.
Parecia de propósito, parecia que eles sabiam o quanto os barulhinhos que eles faziam me agradavam! Parecia que eles ensaiaram para isso, que treinaram, que eram feitos num mini estúdio onde aquela minha banda favorita gravou o meu álbum preferido que tem a minha música preferida.
A batida aumentava, e com ela as do meu coração. As pessoas sorriam, mesmo sem querer ou planejar. Mesmo que mais da metade delas dissesse não à isso.
Não, não. Eu vou ficar. E nem pense mais nisso, é absurdo como eu quero ficar por aqui. Aqui, exatamente onde eu queria estar.
"...eu gosto de como isso parece bom, e gosto de como isso me faz esquecer. Eu gosto de como isso parece, e gosto de te fazer esquecer..."

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dê por aberta tua galeria

É, acho tão bonito. Mesmo! As cores, as luzes, os cheiros, as vozes, até mesmo as dores.
É bonito ver a força que faz com que suportá-las seja possível.
Me pergunto como não podem ver como eu, ou como não querem querer ver como eu a tamanha beleza ao redor. Como não te aflora os sentidos, como à mim aflora, ver e desenhar em mente o céu?
Impotente e carente de si próprio é aquele que não constrói se quer a sua própria magia. Pois a tendo, faz de tudo a sua volta, mágica. Pura mágica da mente livre, e com vontade de voar.
Concordar que as vezes se torna difícil, por vai saber lá o que, não significa que você não tenha os pincéis e a tinta na mão. Se não gostou da pintura, do que vê, apague, ou faça o que você quer agora sobre o que não te agrada. Pois me agrada, muito, ter consciência de que melhorei minha "obra".
Abra as janelas, vá! E abra as portas também, ou qualquer buraco que tiver por aí. Abra tudo, e que a luz entre...

domingo, 10 de maio de 2009

Tesouro do cortante mineral

Ela olhava desatenta as fotos da caixa que há anos tem guardada num canto qualquer do guarda-roupas. Qualquer mero detalhe de importância maior passava despercebido. Ela mal sabia o porquê estava vendo aquelas fotos - talvez costume - e nem sabia o que procurava ao mexer na poeira em cores.
E do desatento ao improvável, se viu presa em um olhar, um par de olhos bronze. Se quer se lembrava da imponência dos tais, mas agora, com certeza, teria se lembrado da força que os mesmos exerciam sobre o par dos dela. Frágil par, que se quer ocilava para tentar fugir. Estava preso, e gostava.
Ainda sem perceber, se viu rodando pela sala, como em dança da época. Perambulava em pequenos saltos, imaginando que seu par a conduzia. O par, dono do par de olhos.
Brindava com alegria esplícita a euforia que a tomava. Com certeza também não percebia a ofegância em seu peito, nem os sorrisos que não escapavam dela se quer por um instante. Dançava olhando para o mesmo foco, foco de imaginação do par de olhos.
Num desastre também não esperado, como todos os outros acontecimentos daquele fim de tarde, se perdeu num desabar ao chão, como se houvesse sido empurrada pelo seu par. Os lábios antes abertos em contração de felicidade, desabaram como dois troncos duros de árvores. Os olhos que se ligavam no par bronze, desabaram ao olhar a ponta de seus pés, que agora estavam recuados.
Tremendo em desconcerto, se arrastou pelo chão a fora, voltando ao quarto, guardando as relíquias desordenadas pela cama, e se escondendo no ninho de lençóis.
Observando, talvez, fosse costume esquecido para ela, assim como era ver as lembranças cortantes ao encontrar o bronze.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Fusão

...que minha chuva é a água que te cobre os olhos,
E não romper as fronteiras entre nossos dedos é como fevereiro sem carnaval.
Não te procurar pela estrada que se segue, é como não ver o colorido, o infinito, do seu, tão meu, mundo.
Que não te ver em fronte os olhos meus, é como enxergar só o xapiscado da tv...
Vai, funciona! Quero assistir teu humor triunfante que me prende num roteiro dos mais distintos para este peito. Peito teu.

E franzido, enrigecido pela saudade da euforia, pergunta-se se era só o amor, ou se o amor era todo. Um todo.
Mas ele só conseguiu notar, olhando para a janela, que mais tarde iria cair mais uma de minhas chuvas.

O sol raiando em nada se compara com o abrir de seu sorriso.
Nem o seu pôr, se quer ele, se iguala ao piscar descuidado do seu olhar.

Seque a minha chuva, pequeno. E abra essas janelas, pra eu ver teu sol raiar.