sexta-feira, 26 de junho de 2009

Bocejo

Hoje eu amanheci sorrindo, porque fui dormir e acordei pensando nele.
A cada olhar que você me lança um pedaço a mais do inverno vai embora e, eu realmente acho que o verão se encaixou bem por aqui.
Hoje eu amanheci sorrindo, porque lembrei dos blefes da brincadeira pelas árvores.
A cada gesto que você solta no ar os pássaros fazem uma outra canção, tão linda quanto o teu sussurro, e esta tem se tornado a minha trilha sonora preferida.
Hoje eu amanheci sorrindo, porque eu percebi que tenho formado seu nome com as letrinhas da sopa na hora do jantar.
E a cada sorriso que você abre mais uma dúzia dos meus abrem sem reparar, e eu realmente acho que meus semblantes têm gostado disso.
Hoje eu amanheci sorrindo, porque o cheiro meio flor meio canela estava profundo pelo travesseiro.
E a cada passo que você avança o meu corpo todo reage querendo te abraçar, e eu realmente tenho percebido o quanto ele ama blefar comigo pra poder em ti descansar.
Hoje eu amanheci sorrindo, porque não havia ninguém além de você neste lugar...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Há "carneiros" no meio da estrada

"um carneirinho, dois carneirinhos, três carneirinhos..."
A rotina noturna nisso se baseia.
Não quero ser quem te obriga a pensar, mas quero respostas a partir do momento que me desafias a viver em ti, mundo.
A tua suposta "tradição" se dá no início, no meio e no fim. Mas, quem seriam, realmente, esses?
O meu início não é somente quando me deparo com um mundo diferente do qual passei nove meses dentro, ou até mesmo os nove meses que lá passei. Meu início é contínuo. Eu nasço a cada vez que abro os olhos na direção norte. Norte o qual eu decido para onde é, uma vez que decido meus caminhos.
Meu meio, bom, considero mais do que o fim dos meus estudos e começo do meu trabalho. Considero mais do que a formação da família ou do meu círculo que, futuramente, com certeza, será vicioso.
Considero meu meio as pessoas quais estarão comigo até o meu suposto fim. Elas todas são meu meio, a partir do momento que são parte de mim.
E o fim, bom, o meu fim não existirá. Eu tenho comigo umas três ou quatro teorias para te afirmar isso. Teorias as quais só saberá quem for meu meio.
Enquanto isso, conto os carneiros. Tais que considero como pausa de reflexão. Não é início, nem meio e se quer fim. Mas, um fim ele terá.
E no momento, só terei de me acostumar com o barulho do seu percurso, o qual as vezes me faz fazer, sem perceber, gestos como se eu fosse diminuir o volume numa caixa de som ou tirar um fone do ouvido para parar de ouvir. Pena que nem todos os ruídos tem essa solução...
Por hora, estabeleço então, minhas três fases, as quais não me fazem imune às minhas complicações que, claramente, são parte de tais fases.
Por enquanto...
"...quatro carneirinhos, cinco carneirinhos, seis carneirinhos..."
Carneiros: os interprete como quiser.

sábado, 20 de junho de 2009

Mais um relato da tal menina

Não foi, nem deixou de ser.
"...e mais uma vez, ela perde o senso, treme e bambeia sobre as pernas sem força alguma, insistindo em segurar a boca numa tentativa falida de não trincar os dentes. Mais uma vez, ela vê o portão, a cicatriz do dedo, a rua, a luz - ou a falta dela -, o pequeno muro, e as árvores que serviram de esconderijo dos laços. Mais uma vez, ela repete para ela própria a mesma história, passa o mesmo filme, canta a mesma música, e percebe - mais uma vez - que ainda há um laço preso, muito bem preso naquele passado tão presente...".
Como aquele velho costume, que ela tenta perder, enganar, e sempre acaba o repetindo, subiu as escadas correndo para relatar que o vira. E neste momento, a falta palavras, e bem mais do que isso, a falta fôlego, e ela não consegue se quer reparar que ainda não parou de trincar os dentes.
Sabe, eu como um eu observador sinto uma angústia por ela. E me faz trintar os dentes a vendo trincar tanto os dela, sem se quer perceber.
O frio passa despercebido por ela, e o corpo todo trêmulo se deve a falta de adrenalina que ainda não foi reposta, e nós já sabemos que demorará a ser.
E sabe, dói também saber que a tempestade demorará a sair dela, e já se percebe a chuva se formando por trás dos cílios compridos enquanto ela tenta relatar o que pra ela é indescritível. Ainda assim, não a queremos desistindo. Talvez quando ela conseguir por tudo aquilo que para ela é como a luz do sol em forma de palavras, ela se veja livre da nebulosidade e faça o sol, o verdadeiro, nascer e por lá ficar.
Ainda deve estar preso na garganta o grito que ela tanto desejou/deseja soltar e que teve de ficar sufocado para não sair sombrio e destruidor de tão agudo.
Sem forças, ela persiste e não quer ir para a cama, numa tentativa de evitar que o céu desabe. Ela insiste em dizer que a chuva já passou por lá, que ela já a secou. Mas, quem terá a bravesa e a coragem de lhe contar a crua verdade? Deixe que o céu desabe aos poucos, porque talvez, se o mesmo desabasse por inteiro, ela já não aguentaria.
Quem de nós é digno o bastante para lhe avisar de que não foi, já que também não deixou de ser?
Quem de nós é o que é o bastante para lhe julgar o amor? Mas nada podemos fazer, se a chuva não quer parar de cair...
E do que estou falando? Quem sou eu para dizer que ela não consegue relatar tamanho amor, enquanto eu mesmo não consigo lhe relatar a aparência? Tal aparência que, com certeza me assombrará hoje quando deitar tentando repouso.
Tamanho amor, que a faz dormir, acordar e viver num só sonho.
Falando em dormir, acho que ela começará com o mesmo sonho agora, pois os olhos estão se fechando.
"Em silêncio me obrigo agora, para que ela possa, ao menos neste momento, ficar em paz".

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Manter a TV desligada

Dos pequenos momentos de alucinações que tive, os que nunca esqueço são aqueles os quais planejo ser, ver, ter.
Nem sempre as coisas fazem sentido, e eu morro de medo de não poder ser, ver e ter.
Enquanto isso, eu só me pego relatando meus problemas, todos os que quero esquecer, e nada justifica o porquê passo horas e horas fazendo lacinhos com a lã do cobertor. E nisso, já me pego cantando aquele "lalalalala" da música que não sai da minha cabeça, mas também não me lembro se quer o nome.
A responsável pelas poças da varanda não é somente a chuva. Pelo menos não só a do céu, mas a minha chuva também é parte disso.
O tempo passa arrastado, muito longo, e eu me vejo capaz de fazer certas coisas que temeria que acontecesse, depois.
Ainda que como protagonista disso tudo, as vezes eu queria só passar atrás da cena e ninguém me ver. Queria poder contar com o mundo, falar pra ele o que quero e ele me responder, dando certeza: tudo vai estar lá. Pra você ser, ver, ter e sentir!
Nisso eu já resolvo o que sou naquele momento, e aí já quero fazer as malas e adiantar três ou quatro anos da minha vida. Quero ter a certeza logo, de que tudo dará certo. Quero pegar meu carro - também adiantado - e dirigir com o lalalalala tocando pra eu poder lembrar de que música ele é, vendo o vidro do carro borrado da chuva do céu, e não de mim, e correr por entre as luzes das ruas onde me vejo sempre, e do lado do carona, aquela que é responsável pelo que restou de mim ser o que sou agora.
- Tá, droga! Ligaram a TV, e eu já voltei de viagem. -
Enquanto procuro, já acho tempo de me ver segura. Já é tempo de parar de roer as unhas e de parar de puxar o ar tão rapidamente. Já é tempo de conseguir concentrar, toda a força que eu tiver, na linha dos lábios.
Enquanto procuro esperando pelos três anos chegarem, bom, já estou ciente de minha próxima nota: manter a TV desligada.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Nova caixa, daqui para frente/sempre

É bom isso durar. Parece tão certo quando eu começo a esquecer como meu coração era frio, e como a ferida estava aberta.
Dessa vez isso vai muito além dos braços que abro antes de eu cair com todos os sonhos que vivem dentro da minha alma.
É bom dessa vez durar. Porque ninguém vai ligar se a ferida abrir de novo, e nem para saber se minha vida está indo bem, ou ao menos indo, e nem para me lembrar de que a vida é doce.
E depois de cair e lembrar da razão dos pés existirem, vou colocar minha força em todos os dedos e fazer como tenho que fazer. Porque eu esqueci de como a garganta arranhava e de como era achar que a vida não "iria ir".
É bom isso durar dessa vez. Porque eu perdi o controle de todo o sonho dentro da minha alma, enquanto eu caia e flutuava, lembrando do quanto a vida é doce.
Por que, quem vai ligar se eu congelar de novo?
É melhor isso começar agora, e durar...
Eu tenho muitas cores novas guardadas na minha caixa, na minha mente, nas minhas nuvens. Eu guardo 83% delas numa máquina de músicas, num chapéu de papel, num barquinho e numa torre com um dragão.
Eu não sei qual é a hora de dormir, e nem se eu ando dormindo. Eu não ligo mais se eu vou escorregar e cair, ou se eu só vou escolher onde chegar.
Eu digo em breve, mas nós temos muito tempo. Eu levo isso rapidamente, mas eu tenho tanto tempo. E eu descobri isso desde o dia que eu respirei o que me cabia respirar, e colori o que me cabia mudar.
E eu descobri o preço que se paga por querer se sentir sempre numa roda gigante: no fim, nós sempre descemos no baixo.
Por um pouco longo tempo, não havia ninguém vindo para...
Por um bom tempo, não havia ninguém vindo para mudar o pior que eu já havia visto.
E se as coisas nunca realmente mudaram, bom, elas mudam daqui para frente.

terça-feira, 9 de junho de 2009

What a waster(?)

E a época que julgávamos que seria a pior, se torna a melhor de todas!
O que eu esperava que viria em forma de choro e lástima, está vindo em forma de danças e pulos, canções gritadas no quarto e no banho, batidas em panelas e onomatopéias, caras e bocas, laços que encontrei em outros braços...
A vida não seria melhor em lugar nenhum. Tudo o que consigo gravar na mente são as nuvens que cada vez que eu olho pro céu, parecem estar mais próximas. E o sol, meu Deus, parece que está tão feliz também!
Quando olho para os lados, eu só quero olhar pra frente. E dar a ré, ou olhar para o retrovisor é algo que não passa pela minha cabeça, e não pense que isso possa fazer eu bater, porque me guio somente com o que há fronte meus olhos.
Em essência plena, afirmo que encontrei meu eu, quente. Quente e fervurante, estourando como pipocas, e essas eu como todo o tempo, vendo os mesmos filmes bobos e me apaixonando pelos galãs com a minha melhor amiga rindo do meu lado. As duas, empoleiradas na festa de lençóis, imaginando como vai ser guiando o carro, e olhando somente para a frente.
Meus dedos mal param nessa caneta, estão dançando também.
Eu não sou a mesma de ontem. Há uma diferença na minha arcada dentária, que eu descobri que foi projetada para aparecer!
Que tempo perdido! Mas que droga de tempo perdido!
Tempo perdido? Mas que droga de tempo perdido?
Os relógios zeraram, e eu já não preciso mais correr para alcançar a posição que eu quero.
Eu acordo 6h13 da manhã, muitas vezes sem sonhos pra contar, mas com vários que já estão sendo sonhados, dessa vez, de olhos abertos.
Eu acordo 6h13, e não ligo se vou chegar a tempo, mas sei que sim em tempo, porque do meu eu tenho o controle.
Vou andando as 6h52 e os deja vu's nem insistem mais em aparecer por trás dos cílios.
Eu deixei as cartas prontas: a das saudades, a do futuro e aquela da escola. Eu não prometi escrever, mas, não custa rir depois.
Eu nunca vou esquecer, mas deixe seu ego pronto, porque parece que finalmente eu sei pra onde ir, e dessa vez você não precisa ficar quieto pra eu não me desiquilibrar e querer parar com tudo de novo.
E a época que julgávamos que seria a pior, se torna a melhor de todas!
Agora só me pego pelos cantos da casa cantando aquele trecho do Libertines:
"what a waster, what a fuckin waster..."

terça-feira, 2 de junho de 2009

Equívoco(?) À rua das 18h30 ou 19h.

Se o amor não durar... bom, então terei de esperar mais uma primavera.
Só questiono quanto tempo mais terei de esperar para os frutos virem, e não só a árvore crescer. Só me pergunto porque a primavera tem cara de inverno, e o inverno também. E porque o outono não me tras os frutos, e o verão também é inverno...
Talvez as respostas para as minhas perguntas se encontrem naquela rua das seis e meia, sete horas... Talvez seja um equívoco, mas, tudo não me mostra nada. E o nada não me serve de resposta.
Voltando à rua, eu acho bom o amor durar. O bastante não para me responder à essas perguntas, mas sim, para me fazer questionar ainda mais o porquê flutuo na rua das seis e meia, ou das sete; Por que ela brinca comigo e com minha barriga, que me dá a impressão de estar num parque de diversões? Por que eu espero voar de novo, dentro dos seus laços, na tal rua das tais horas?
Voltando ao amor, eu acho que ele vai durar. Se os algodões dos sonhos da minha mente só aparecem quando há você e aquela bentida rua, então eu acho que durará. E acho mais! Você irá notar a rua, as horas, os vôos, e meus lampejos de sorrisos a cada vez que lembrar também da brincadeira dos lábios, dos teus laços por mim passados e, claro, do principal... vai se lembrar de como meu peito comemorava os teus laços. Eles em especial, porque sei que você reparou nisso.
Repare também no portão, nas mãos, nos cabelos, na nuca, na linha dos braços, na cicatriz do dedo, na "bíblia", no teu esporte preferido.
Equívocando, ou não, eu acho que o amor durará, enquanto a rua sorrir pelas horas, esperando nossos passos no seu escuro...