sábado, 17 de setembro de 2011

Bruno

No espasmo de um segundo, eu suspiro, muda.

Percebo a inocência de meu trovar e, então, ponho-me a prometer soar amor a seus ouvidos, até onde o vento alcançar os seus sentidos...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Venha

Venha, com a confusão que escondes no olhar, venha me maltratar, me amargurar, me fazer juras que eu sempre quis ouvir. Venha com a força do amor que eu acredito que haverá, venha entrar sem avisar, me prometer fazer feliz. Venha, com o impulso de um momento, com a vontade da eternidade, me possuir, me aproveitar, me infernizar como um santo.

Me invada com seus lábios tão corretos das palavras, tão treinados do feitiço, tão ousados da trapaça. Me engane com seu canto, me desespere com o encanto, me beije, me morda, me mate... mas, venha...

domingo, 27 de março de 2011

Chico Buarque cantando a minha vida

Preciso não dormir

Até se consumar o tempo da gente

Preciso conduzir

Um tempo de te amar

Te amando devagar e urgentemente

Pretendo descobrir

No último momento,

Um tempo que refaz o que desfez,

Que recolhe todo sentimento

E bota no corpo uma outra vez

Prometo te querer

Até o amor cair, doente

Doente prefiro então partir

A tempo de poder a gente se desvincilhar da gente

Depois de te perder

Te encontro, com certeza

Talvez num tempo da delicadeza

Onde não diremos nada,

Nada aconteceu

Apenas seguirei, como encantado, ao lado teu...

segunda-feira, 21 de março de 2011

"Te querer é compactuar com o sombrio, o escuro, o doentil, o lado mais traiçoeiro.
Te amar é viver livre dentro da prisão que é entregar a imensidão, que é saltar de corpo inteiro."

segunda-feira, 14 de março de 2011

Por mais que em meus versos eu coloque a força bruta me minhas memórias e o desabafo de meus mudos sentimentos, busco em outros poetas versos que me decifram, para não escancarar minha ruína de você, assim, ao vento de todos que estão prontos para ouvir.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Pontos Cardeais

Te olhar sabendo que cada segundo a mais é um a menos no relógio de nossa história tem feito meu corpo doer e meus sentidos pararem. Saber que enquanto te olho, não te possuo, não te pertenço é como estar presa num labirinto sem mapa, sem bússola, sem ter como sair.
Inteiramente perdida dentro disso afirmo com a dor cortante de cada letra dessas palavras que hoje é o fim. O final do que mal teve seu começo anunciado, nem mesmo para mim e se quer para você e já chega ao seu fim levando com ele tudo o que podia me arrancar e o quase nada que de ti conseguiu.
Olhando pelo espaço que percorri a partir do segundo em que entrei nesse labirinto, tenho um amor pelo passado e ódio pela demora. Devia ter começado antes, não devia ter esperado a invasão das terras onde eu sempre quis explorar. Quando dei meus primeiros passos, eu mal sabia onde estava pisando, se quer sabia se aquilo eu poderia chamar de terra firme. Mas assim que comecei, o farol fechou para mim.
Não voltei os passos que havia dado, apenas sentei, olhei, me condenei porque esperei. Eu ainda não possuía mapa algum, não sabia para onde eu me levaria, também não possuia bússola e nem me dei conta das coordenadas. Eu não tinha nada, eu não conhecia aquele lugar, eu não sabia se dali eu sairia. Talvez por isso, quando dei de cara com você me sugerindo o mínimo sinal de direção, me apresentando um possível caminho eu tenha me sufocado tanto na esperança de sair de lá, de escapar, de te alcançar. Você me mostrou pra onde ir, mas não me prometeu uma saída, e eu devia ter entendido isso melhor. E então, desde aquele momento, você foi o meu norte.
Olhar para frente era olhar para você e para toda a imensidão escondida por trás de seu sorriso que me envenena os lábios a cada mordida que eu dou na lembrança do encontro de nossos sorrisos. Era claro - é claro - minha direção era o sinônimo que existia nessa conexão de você e meu rumo, meu norte, meu caminhar e seguir em frente. E em você eu segui.
Eu poderia jurar que aquela era a saída. Eu ainda não tinha um mapa mas você me dava pistas, me encaixava nos lugares mais propícios para ir, me levava aos lugares mais tranquilos e eu adorava os caminhos. Me divertia com sua companhia, me admirava com a paisagem que você me mostrava.
Seguir esse caminho tinha dado cor aos meus dias e movimento ao meu corpo. Você me tirou da onde eu estava, e eu estava completamente estacionada sem esperanças de seguir por esse caminho, e por qualquer outro também.
E seguindo ao norte nós fomos. Eu sabia que uma hora eu teria que continuar sozinha pelo caminho, mas eu gostava de acreditar na ideia de que você poderia continuar me dando pistas, me mostrando uma opção de caminho mesmo de longe, em outra coordenada, em outro ponto cardeal.
Foi quando nosso espaço começou a oscilar entre leste e oeste e pouco íamos para o norte. Mas ainda assim eu confiava nos seus passos, confiava que pelo menos para algum lugar diferente do que eu estava você me levaria.
Você me surpreendia com caminhos novos, eram trilhas tão pouco exploradas e com tanto para ser visto. Você perdia o interesse de continuar me guiando, ou só queria facilitar o momento em que me deixaria para seguir o seu caminho.
Eu não me importava. Gosto tanto do seu jeito de conduzir, da sua maneira de me despistar de mim mesma que eu já se quer lembrava onde eu estava e qual era o meu objetivo: sair.
E no pouco tempo que fomos caminhando juntos, seus caminhos foram me levando a paisagens diferentes. Eu preferia que seguisse com o norte comigo ou que estacionassemos no sudeste que por tanto tempo ficou vazio sem nossos passos que esperaram anos, anos para acontecer e quando se encaminharam, foram no tempo errado.
Os dias foram se afunilando e eu já sabia que teria de caminhar sozinha, mas eu esperava que você me levasse para um último passeio, uma volta, que você me deixasse ao menos com a pista desse novo rumo que eu tomaria a partir de então, quando você não mais seria o meu guia.
Na surpresa, te vi me manobrando e me trazendo de volta pelo lado oposto de onde viemos, que era para eu não perceber que estava voltando. Você me colocou de volta para onde eu estava. Me sentou, me estacionou, me deixou. Sem mapa, sem bússola, sem pistas de como prosseguir e ainda pior, me tirou a vontade de tentar sair daqui, deste louco labirinto que é a estreita pista que construímos em alguns dias.
Eu lamento a todo segundo que eu não tenha entrado aqui antes, bem antes. Lamento que nossos caminhos não tenham se cruzado num tempo onde eu sei que teriamos o nosso norte, o nosso mapa, o nosso caminho.
Só eu sei a falta que eu vou sentir da sensação de estar pisando em vidro, de estar doendo em alegria. Só o meu corpo sabe como ele vai reagir depois do bem que seu rumo o fez. Só eu realmente sei da lacuna que o peito já se prepara para receber.
As minhas saudades tem nome e sobrenome e um ponto cardeal perdido no espaço, atrás, onde eu fico agora em sua história.
Passada, no passado, no sul de sua memória.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Passagem de ida, sem volta

Eu ainda consigo ver os confetes pelo chão, os que sobraram da festa que eu fiz comigo mesma nesses últimos dias. Ainda vejo alguns balões, pequenos sinais de que a felicidade, por mais que tenha durado o tempo de uma festa, passou por aqui.
Estou sobre uma balança quebrada, não sei para onde pende o peso realmente. Me sinto nas alturas, mas quando vejo, eu ainda estou presa ao chão.
Não posso culpar o tempo, que já foi tão meu amigo. Talvez eu devesse culpar a circunstância, mas ao mesmo tempo quero agradece-la por ter deixado isso ao menos acontecer.
Foi susto, surpresa, delírio, castigo... Implorei por uma outra vez que me presenteou, e agora imploro por outra que vive na remota possibilidade.
O meu desejo de me permitir ser invadida tem falado mais alto do que a razão da única coisa concreta que eu sei sobre isso, e que não quero acreditar. Só eu sei o quanto me entregar é minha vontade ímpar, que vive sozinha dentro de mim e dentro do que eu jurei que podia existir.
O calor que me invade por uma fração de segundos é o mesmo que vai embora ao se chocar com o frio cortante, quase tão gelado quanto o gosto de um sorvete num dia chuvoso, onde meu peito derreteu junto a ele.
Do tanto que sinto, só sei que me é o familiar mais desconhecido. Não estou sabendo lidar, porque não sei até onde isso vai dentro de você. Se te invade como faz em mim ou se é só de passagem.
Eu estava com o olhar firme sobre a porta pela qual eu entrei. Agora, não a vejo mais, mas se quer sinto vontade de sair. Na verdade, queria que você entrasse também, e a trancasse de vez. Eu sei o quanto pedi nos últimos tempos para cegar-me desse sentimento tão cheio e tão vazio. Eu sei o quanto eu o desejei. Só não sabia que era você quem o traria e levaria embora pra tão longe, onde meu olhar não te alcança, o ar ofegante de minha respiração não te sopra a pele, onde meus lábios não te tocam, onde o meu riso você não escuta, onde seus braços não me laceiam, onde meus dedos não se cruzam aos seus...
Eu queria poder saltar, e se eu pudesse, saltaria vendada tamanha a certeza que me consome! Mas se não for pra levantar voo alto, ao seu lado, então por favor, me deixe com os pés no chão.
E eu me perco ainda mais a cada dia, na ilusão de que tudo isso é uma ilusão, e na delícia da ilusão que seria se eu estivesse equivocada.
Não posso rasgar teu sonho na esperança de que você perca a viagem de ida e nem precise de volta. Se quer sei se conseguiria te fazer querer ficar ainda mais.
Você parece tão meu, tão próximo, tão moldado pro que em mim te espera, e ao mesmo tempo é o oposto agudo. Tenho tido receio em te dizer o que antes arriscava nas entrelinhas de minha, de nossa "brincadeira". Eu que doentiamente sorria ao tempo, ao mundo, ao vento, sem motivo exato e com todos os motivos, acreditando que te agrado, querendo acreditar que interpreto certo, sem querer-me negar o direito de me dar ao luxo de não te perder.
Ainda que perdida, adoraria pagar o preço de me jogar ao destino que você escolhe enquanto guia nossos corpos para onde quer pela estrada, e eu entrego a força da alma no gesto mais fraco que posso, e me perco ainda mais...
Eu acredito, em algum lugar dentro de mim, que a força que me atinge ao menos passou por você e te fez pensar em mim, em tudo isso, ao menos por um instante. O som de suas palavras podem me cortar a alma numa realidade a qual eu devia acreditar, mas o que você faz tem me invadido o peito e tem me forçado a crer que eu fui capaz de te causar algo. E do tamanho disso tudo é a confusão dentro de mim, onde minha alma se mistura ao coração que, por sua vez, retruca com meu cérebro, trocando de lugares e me fazendo saber ainda menos o que pensar de cada mínimo detalhe que minha memória faz questão de esfregar na minha cara!
Eu não sei o nome, não sei a cor, não sei até onde mais isso pode doer. Sei que sinto e como eu desejo outra passagem de ida ao seu encontro, por mais que eu saiba que não tenho direito de volta...
Eu esperaria, eu sofreria para não sofrer de dor ainda maior. Eu te esperaria porque isso soa cada vez mais certo...
Mas o que me sufoca é saber que você vai. Você volta, mas não para mim.