sábado, 21 de fevereiro de 2009

Primeira batida - Quando um coração desperta

"...E foi como se eu sempre soubesse de sua existência, meu primeiro.
Você despertou um coração. Deu a ele a primeira batida, a que ele jamais esperara ter.
Ele bateu, durante todo esse tempo pelos seus olhos, os únicos olhos, que eu desejava morrer dentro.
E eu morria, a cada segundo que passava pensando no como seria terrível perder o calor que até mesmo em sua ausência eu sentia.
Assim que eu dei por mim, eu não estava mais aqui por minha causa. Eu tentava dançar outras melodias, gritar por outras piedades, desejar outros braços, lutar outras esperanças...mas nada fazia meu coração bater, como na primeira batida.
Foi como se em meu peito tivesse dormido todo esse tempo. Foi como se meu peito tivesse servido de ninho. Foi como se ele só estivesse esperando, para realmente me fazer viva, para bater, a primeira batida.
Tu despertastes, meu encanto, tudo o que um peito tão só não conhecera. Eu esperei por ti na minha ilusão particular. Te esperei sem saber que esperava. E ao despertar esse prisioneiro teu, foi como se eu sentisse todo o vermelho do mundo dentro de um espaço que era tão limitado.
Tu ouvistes? Meus gritos? Suplico a existência para me manter segundos ao seu lado. Só te olhar, meu amado, já é divino!
Eu já não conhecia nada ao meu redor. Não tinha consciência dos lugares que sempre andei, da minha própria rotina. Te tomava a cada dia, tu já tinhas se tornado meu alimento. Te sentia inteiro, dentro de mim!
Acreditar fez parte do delírio em que meu corpo todo se encontrava. Te dediquei meus dias, minhas noites, sorrisos e mente. Tudo o que podia, meu amado, tudo! Tu tinhas que entender, ao menos entender, que não havia mais peito, mais coração, não havia mais noites com sonhos, manhãs em que o sol nascesse de novo, nem se quer um dia em que meu peito bateria, como na primeira batida, se não houvesse mais você.
Meu amado, meus dias são tua escolha. Minha alma segue somente um caminho: o de te amar inteiro.
Tu te tornou não só responsável pela primeira batida, mas sim por todas as outras depois dessa. Todas as de verdade.
Entende, por favor, eu vagaria infinitos, eternidades ao teu encontro. Eu enfrentaria exércitos de solidão pelo tempo que fosse, se eu soubesse que tu serias o destino dessa minha jornada.
E assim, me entreguei. Já não me pertencia mais. O destino de continuar tendo sangue quente pulsando nas veias, de sentir os batimentos - como o primeiro - de um coração que suplica sua presença, estava nas mãos de quem me tinha em mãos.
Eu só espero/esperei/esperava a tua convicção vir tão forte e rápida e dominante como a primeira batida.
Os dias, todos, sem pisar no chão, sem sentir firmesa. Os dias, todos, respirando com dificuldade, engolindo com dor, e tendo a dormencia de meu corpo como recurso para cair em sono.
As noites, todas, eu saia do chão, sem consciência. As noites, todas, lutando para não respirar, engolindo a sede de te ter ali à seco, e tendo a adrenalina que percorria incessante em minhas veias como recurso para cair em febre, em doença, em que eu sabia bem minha cura.
Eu descobri, meu pequeno, que eu te amo! Amor sem refúgio, sem escolha. Mas tu eras e sempre seria minha escolha. Eu descobri, que pra sempre, independente, tu serias meu eterno amor. Meu eterno responsável pela inconsciência própria.
Temendo: estou sujeita a morrer na minha própria escolha. De alguma maneira, eu confio na morte..."

A primeira batida - quando um coração desperta... eu te amo.

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