domingo, 9 de agosto de 2009

Enquanto o sol dorme

O bordô não quer sair daqui e de minhas paredes tão pouco iluminadas. Eu te juro, se eu pudesse, daria ao passado a cara que eu deveria ter visto mais vezes se os sorrisos permanecessem.
Eu poderia te descrever minha aparencia de agora, mas tudo o que apareceria no papel seriam rabiscos de uma profunda grosseria na mão. Daria pra imaginar a ponta do lápis fazendo um ruído de tanta força.
Não adianta morrer por algo já morto. Nem se acabar por uma coisa que se quer começou.
Eu poderia te ferir se você pudesse olhar por entre a embalagem de minha alma. Eu poderia te destruir se você sentisse durante três segundos a angústia a qual venho sentindo há tempo.
Eu poderia inundar seus sonhos se você se pusesse por baixo de minha face.
O que te durou pouco foi à mim a eternidade. Eternidade essa a qual arranca de minhas lembranças qualquer momento feliz que eu passei, só deixando as folhas de seu maldito calendário de horror.
Eu poderia trincar os dentes na boca e uivar da dor cortante, mas nada a faria cessar, ela, aquela dor que no começo parecia travesseiro.
Eu poderia esquecer dos sonhos de minha alma, já que meu mais presente havia se perdido no passado contraditório e amargurante.
Enquanto você dormia, te via em teu sono. Eu via a luz de dentro dos seus olhos passar para os meus e me cegar de euforia. O teu sol, o meu sol - você - brilhou amarelo pelo que eu pudera jurar impossível.
Enquanto o sol, o meu sol dormia, o peito rasgou na esperança da luz, e eu confiei de que havia verão por vir.

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